terça-feira, 21 de dezembro de 2010

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Vozes

Essa noite, depois dos sonhos tumultuosos, ouvi vozes, vozes que gritavam, não se entendia nada. Uma se sobressaia, uma rouquidão cuspindo chiados inteligíveis. Outra que depois de um tempo fui capaz de notar era um esganiçado, como um último suspiro de alguém, mas que se repetia interminavelmente. Me debati, tentando apurar os ouvidos, não era capaz de perceber nada.
Após um longo tempo compreendi algumas coisas, a voz esganiçada só saia quando era eu que falava, a outra era a morte.
Depois apaguei na agitação costumeira.

Sonho, princesas, mitologia

Ontem tive um sonho estranho,
Sonhei que a Cinderela realmente encontrou o príncipe, uma noite magnifica, terminada a meia noite, a hora maligna, sua fada madrinha era na verdade um demônio. O pacto era que esse demônio levaria a sua alma, na exata hora da meia noite. Cinderela não havia lido o término do contrato, quando soube, enfim, era tarde, tentando fazer de tudo para que essa “maldição” não se cumprisse, sua situação se definiu ainda pior, seu corpo morreu, vermes passaram a se banquetear de seus restos, enquanto sua alma, antes de ser levada pelo demônio, ficaria presa ao corpo, até que nada restasse.
A Fera amou a Bela, tal era a sua paixão e seu sentimento, que na noite que deveria ser de amor, matou aquela que tanto desejava com sua volúpia e seu descuido, o corpo de Bela nunca aguentaria a ferocidade daquele ser. Vendo-a em seus últimas respiradas e arquejos, Fera se pôs a sacudi-la, arranhando e atormentado mais ainda o corpo de Bela, agora já desfigurado. Ao amanhecer quando se transformou já não era um príncipe, mas sim um assassino.
Branca de Neve encontrou os anões, eles a alimentavam bem e davam tudo que ela necessitava, mas não eram meigos como a aparentavam, aquilo era apenas faxada, nutriam um sentimento canibal, animal da existência. Ataram a Branca de Neve na cama e aos poucos foram retirando partes de seu corpo, para em seguida comer, deixando por último o cérebro e seu coração, como um ritual ancestral em que se acreditava que nessas partes estava a essência do ser que já se fora.
Dafne, a ninfa, não foi transformada em louro, para depois servir de coroação, mas sim em uma mandrágora, para que ninguém pudesse chegar perto dela. Não poderia ser retirada, qualquer mortal que tentasse, sentiria seus tímpanos serem perfurados, quanto ao Deus Apolo, esse ficou louco, a planta carregava uma maldição, aquele que ousasse ingerir, ficaria alucinado. O amor de Apolo era tanto que ele não mediu as consequências, seu único objetivo era ter a Dafne de alguma forma. Quanto a ninfa, essa ficou para sempre na solidão em que ela mesma criou. Isolada de tudo e todos.

By Dafne Endres, a Isis Of Slang

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Características

Tarde cinzenta e nublada.
O que escrever? A ideia não vem, mas a teimosa agonia tem de escrever, algo, qualquer coisa. Então nesse “sem ideia” surge uma linha, qual será a próxima?
Olho de um lado para o outro na procura de algo a mais, algo que esqueci de mencionar, talvez tirar uma réstia do pensamento da rotina, de como estou agora, isso não é suficiente para mim, é clichê esses assuntos, ainda mais quando ninguém me pede nada.
Tenho uma procura por palavras e um rosto do devaneio, que rosto? Não sei, ele está sem forma, mas é algo que eu possa escrever, uma característica precisa de um sentimento confuso. Sim, isso tá parecendo contraditório. Ela é uma figura que estou tentando criar, parece-me mais criativo do que falar de mim mesma.
Deixarei o fisico de lado, ela é impulsiva, ativa, exigente no que faz, ama a arte, pinceladas em um painel são seus dons, não importa de qual forma é jogada a tinta, logo ela consegue o que quer, mesmo quando não tem a ideia definida, porque assim como eu estou fazendo (escrevendo), ela vai pintando, criando, o fim, é apenas o fim... Fazendo o começo vai se constituindo uma história, um esboço.
Autenticidade é o que a define e o que preza.
Fala o que tem que ser dito, o resto é silêncio, prefere ficar calada e ouvir as conversas aos seu redor, ri e se descontrai com isso.
Ouve música clássica ao acordar e ao dormir, pois em uma música não acha necessidades de vozes e sim o som limpo, ideia essa que a inspira. Durante o dia, a música clássica é substituída pelo vento, e o barulho do mar. Procura os lugares em que tenha isso, a paz que necessita.
Gosta mais de ler do que ver filmes ou mesmo a televisão.
E ainda não tem um rosto definido, posso falar de tudo que faz ou deixa de fazer, mas o físico deixo para cada um que ler, a imaginação.

Dançarina

E era uma daquelas tardes vazias de devaneios silenciosos. Pensamentos voavam na cabeça daquela que queria ser uma dançarina. A pergunta é: O porque ser dançarina. Nem ela mesmo sabia a resposta, o único fato era que dançar a fazia esquecer tudo. Na verdade, quase tudo. Enquanto agitava o corpo, a adrenalina vinha à tona. No ritmo escolhido pulava e se sacudia, feito serpente. Qual surreal, sensual e autêntica era sua dança, sua natureza estranha e agitada.
A atenção se voltava para ela, a pista era sua e de ninguém mais, aqueles momentos perdidos de entrega e descontração até o cansaço exagerado.
O final é uma trágica doença, pois tudo some, a adrenalina, emoção e a música, nunca era suficiente. Precisava de mais som, agito e irrealidade.
O cansaço ficava no corpo no final, na mente eram as martelações insandescidas da realidade e isso era o esgotamento sofrido, de tudo que a dança não trazia.
Restava a estranha ideia de ser uma dançarina....


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