quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Samhain



Nossa, quanto tempo sem postar, até fico admirada por ainda conseguir lembrar a senha.
Agora enquanto escrevia essas palavras, surgiu a idéia de escrever sobre o Samhain (lê-se sou-ên). Afinal, Halloween está chegando, o único feriado que eu realmente gosto.
Vamos lá.

O Samhain marca o fim do ano no calendário celta sendo a noite em que o caos primordial retorna para o inicio do novo ano. É a noite em que o mundo dos vivos se mistura com o dos mortos, sendo deste modo a melhor altura para contactar os mortos.
O Samhain é um período de reflexão, de análise do ano que se finda, de ajustar contas com o fenômeno da vida sobre o qual não exercemos controle - a morte.
Sente-se que nesta noite a divisão entre as realidades físicas e espirituais é estreita. Recordando seus ancestrais e todos os que já se foram.
As BRUXAS não fazem RITUAIS para receber mensagens dos mortos e muito menos para incorporar espíritos.
O sentido do Halloween é nos sintonizarmos com os que já partiram para lhes enviar mensagens de AMOR e harmonia. A noite do Samhain é uma noite de alegria e festa, pois marca o início de um novo período em nossas vidas, sendo comemorado com muito ponche, bolos e doces. A cor do sabá é o negro, sendo o Altar adornado com maçã, o símbolo da Vida Eterna. O vinho é substituído pela sidra ou pelo suco de maçã. deve-se fazer muita brincadeiras com dança e música. Os nomes das pessoas que já se foram são queimados no Caldeirão, mas nunca com uma conotação de tristeza! No Altar e nos Quadrantes não devem faltar as tradicionais Máscaras de Abóbora com VELAS dentro. Antigamente, as pessoas colocavam essas abóboras na janela para espantar os maus espíritos e os duendes que vagavam pelas noites do Samhain.
Essa palavra significa "Sem Luz", pois, nessa noite, o Deus morreu e mundo mergulha na escuridão. A Deusa vai ao Mundo das Sombras em busca do seu amado, que está esperando para nascer. Eles se amam, e, desse amor, a semente da luz espera no Útero da Mãe, para renascer no próximo Solstício de Inverno como a Criança da Promessa. A Roda continua a girar para sempre. Assim, não há motivo para tristezas, pois aqueles que perdemos nessa vida irão renascer, e, um dia, nos encontraremos novamente, nessa jornada infinita de evolução.

Confesso, não sou de "orações", por ser um nome que me faz lembrar da igrejas como catolicas. MAs essa é especial.

Oração ao dia de Samhain

La fora está frio
Caia a chuva nesta noite
Noite sombria e de dor
A Deusa chora

Já não se ouve nada
O cantar dos pássaros
Estão perdidos ao vento
Só se escuta o silêncio que é pura dor

Esse prenúncio avisa a morte
A morte do Deus
O Grande Caçador e Senhor das Matas
Está morto

As matas estão de luto
As flores morrem
As folhas caem de suas árvores
E todos os seres viventes se abrigam

Ó Grande Caçador
A sua morte chegou
E isso me mostra
Que a vida é cheia de desafios

A morte é só mais um caminho
E que como a morte
Haverá dias que serão difíceis
Mas a Grande Mãe nos auxilia

Mas meu peito
Enche-se de alegria
Pois sei que a morte
Traz o recomeço

E que em breve
Os campos estarão floridos
E o cantar dos pássaros
Serão vivas em teu nome

Assim como a fênix
Quando ressurgir
Voltará cheio de forças
E renovado

Despeço-me de ti
Com uma dor em meu peito
Mas com a certeza e alegria
De que voltará.

Que assim seja e assim se faça!

Happy Halloween

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Brenna

Uma história escrita a um bom tempo atrás que encontrei perdida no computador
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O delírio é fúnebre, diz Brenna para si mesma em suas blasfêmias solitárias e sem nexo, é assim toda vez, uns copos de algumas bebidas com seus falsos amigos e já está lá, soltando tudo que tem para falar, esse é apenas o início, o pior é depois, quando sozinha a raiva assola.
Raiva, que mesmo impulsionada para a vida, ainda traz os vestígios insanos, simplesmente porque não há razão para ser diferente, a lembrança de tudo o que já fez vem a tona, mas as tristes, as que realmente gostaria de esquecer martelam na cabeça, regressam, como algo que acabara de acontecer.
- Maldito gato que mia – Seu único companheiro (gato) é amaldiçoado nesse momento
A tentativa de esquecer os atos frustrantes que já fizera não da certo
- Pare, pare, pare, por favor, cabeça, não quero pensar nisso, não quero, me deixa em paz, pensar me deixa imune ao fracasso.
O desespero surge mais uma vez, mente doentia, servidora do fracasso, o silêncio perturba mais ainda a jovem Brenna que sempre esteve fadada a ouvir coisas além de sua própria voz e seus barulhos rotineiros. O barulho da música que agora coloca, faz jus a sua face desesperada e da voz a sua agonia.
Morte = delírio da paz eterna
Vida = Ilusão não modificada
Porém, a contestação de ambos cria o que somos hoje, existência ingrata e suicida.
Complexo existencial mal intencionado.
Sangue na pele de Brenna logo se vê, é desta forma que ela descarrega o seu emocional, sua lâmina vira uma confidente das marcas que amanhã terá que esconder em baixa das camadas de roupas....
O sangue jorra como um motivo ironicamente supérfluo de que ainda vive, o riso que solta é banal e sem graça, fruto de sua mascara não tragada.
Porém a dor que sente das lembranças ganha daquela que acabara se infligir e isso aumenta a crucificação de seu juízo...
- Será que eu deveria atirar-me de um prédio, tomar um banho gelado, deitar-me no chão esperando adormecer? - “ahahha, criança, não irá dormir, sabe bem disso”- Quebrar o espelho? – “Isso, faça isso, será melhor não ver sua imagem decadente refletida no vidro e irá ter mais do elixir vermelho que tanto gosta.”
Obedecendo a sua consciência imperfeita, Brenna se põe a quebrar todos os espelhos da casa, do quarto, do banheiro, da sala, qualquer coisa que reflete é quebrado com suas mãos, que agora pingam sangue, tingindo-se de vermelho vivo,....
A casa é revirada, tal qual um assalto rotineiro, mesmo que a única coisa que seja roubada é consciência.
Seu corpo cai ao chão, inconsciente, perda de sangue e cortes profundos é a definição.
O visual que fica na casa nesse momento é um grotesco cenário, móveis jogados, corpo inerte, sangue para todo o lado dos aposentos são a composição. E o corpo? Bem esse cria um aspecto doentio, porém fascinante junto com o ruído estridente do gato preso na casa, única vida existencial naquela casa completa de agonia.
Brenna não se dera conta antes, que sempre procurava a morte a seus trejeitos, de sua própria forma, pois já não queria a vida que antes tinha. O que realmente queria era a morte, destino de todos que estão na terra, tentara em sua busca apoderar-se da gratidão da existência, porém sempre querendo trocar o incerteza daquela crua servidão por algo que já era seu.